terça-feira, 27 de junho de 2017

Quando o mel é bom...



É o terceiro zumbido seguido do meu telefone. Abro os olhos sonolenta e tento não rir enquanto vejo de quem é a mensagem. É sua. Três áudios onde sua voz está mais bêbada do que possa me lembrar de ter ouvido antes. “Você não sabe o quanto é especial para mim...” diz o começo do primeiro e eu penso em desligar, mas escuto até o fim. “Devia ter te dado mais valor”, reviro os olhos. “No fundo eu também gostava de você” Rá, essa é boa.

“No fundo eu também gostava de você” Quando se deu conta disso, meu amor? Enquanto dava em cima de todas as vagabundas possíveis ou quando ocupou a cama da minha vizinha? Me seguro para não ser bem mal educada e lembro daquele tempo em que fiquei apaixonada, você definitivamente não me amava de volta. Por favor, me poupe e se poupe.

Resolvo ouvir o segundo. “Você lembra da gente junto na minha cama” Merda. “De como era bom? De como parecia perfeito” É nisso ele tem razão, era bom. Mas acho que ele precisa reconsiderar essa escala de quão bom era, porque convenhamos, não era tão perfeito assim, hoje eu vejo. “Ninguém conseguiu te superar até hoje” Me achei um pouquinho com essa, pena que não posso dizer a mesma coisa.

Lembrei das mãos, do cheiro, do jeito que pegava no meu cabelo. Dessa vez não senti nada. Acho que no fim das contas eu só precisava de alguém melhor pra te esquecer, porque o que tem de mãos, cheiros e pegadas melhores não tá no roteiro. Era bom, mas não sei ganha o título de melhor não, esse você já perdeu há um bom tempo.

Mas vamos ao terceiro. “Você bem que podia me dar uma chance, né?” Não mesmo. “Nós tivemos bons momentos” Sim, tivemos. “Se você quiser, amanhã mesmo te busco. Te levo pra minha casa, pra gente repetir os bons momentos” Arrá! Sabia que não ia demorar. Que mané bons momentos que nada. Você só é mais do mesmo, e desse sorvete de baunilha sem graça e comum eu não quero mais.


Respondi um “Uhum, vai dormir” e já apertei aquela função maravilhosa chamada bloqueio. Quando o mel é bom, a abelha sempre volta sim, mas não quer dizer que ele vai estar lá quando ela vier buscar. Passar bem.


Thalyne Carneiro