quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O quarto que não era dela


O sol ardeu nos olhos dela essa manhã. "Quem abriu minha janela?" ela pensa irritada enquanto abre os olhos. Peraí. "Esse quarto não é meu!" ela congela. Vira a cabeça pro lado devagar, vê uma perna de homem. "Meu Deus, por favor, que seja bonito..." Ela levanta o pescoço e olha por cima do cabelo preto. "Hum... nada mal... Foco! Levanta da cama beeeem devagar..." ela levanta, pega a roupa e corre pro banheiro.

"Ok, Ok. Vamos ver o que posso fazer com esse cabelo... Nessa confusão, acho que só um coque." Suspira. Lava o rosto. Dá uma checada no pescoço. Aceitável. Quer dizer, se você não tem problemas com caminhadas da vergonha em plenas... Que horas são? - AI. MEU. DEUS. - Meio dia?! "O que eu faço se ele acordar? Qual é mesmo o nome dele? Roberto? Marcelo? Rodrigo? Não..." Franze a testa. Vamos lá, você consegue. "Pedro! Isso! É Pedro." Ela acha.

Sai do banheiro na ponta dos pés. Onde será que está o sapato? Ela vê um ali no pé da cama. Ok, achou o direito. Uma volta pela cama, uma olhada debaixo dela. Nada. Debaixo da pilha de roupas dele. Nada. "Será que perdi meu sapato?" pega a bolsa, abre a porta, sai do quarto. A cozinha deve ser por ali. Água, água, água... Onde será que tem copo? Uma foto colada na geladeira. Um casal mais velho e aparentemente o rapaz deitado na cama. Olha atrás. "Saudades de você, João. Vem logo visitar a gente. Mamãe e Papai". Então é esse o nome. João.

Resolve dar uma olhada na sala. Mais fotos. Viagens, amigos, mais fotos de família. Uma estante abarrotada de livros. Direito Penal. "Ele é advogado?" Game of Trhones. "Arrá!" Ela lembra de uma coisa. Uma tequila. Um sorriso. Mas você gosta da Sansa? Risadas. Mais tequila. Um beijo. Vamos pra minha casa? Claro que não. Mais tequilas. Mais beijos. Onde tá seu carro? Vim de carona. Ela congela ali olhando pra estante. 



Senta um pouco no sofá e olha pra mesa de centro chocada com ela mesma. "Deus, eu nunca fiz isso antes." Achou o outro sapato. Embaixo da mesa. Eba! Em cima ela vê um bloquinho. Resolve tentar a sorte. Passa um batom e rabisca apressada "Adorei ontem a noite, mas eu ainda prefiro a Sansa. Beijo e me liga" beija o papel e deixa por ali mesmo com o número do celular. Ela levanta e vai embora. Se ele ligar... bom. Se não ligar, bem, o azar é dele.


Thalyne Carneiro


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Amor até o céu



Ele me dá um apertãozinho no joelho e me pergunta: "O que você tá pensando aí, hein?". E juro que nem sei como explicar que só o que eu penso é em felicidade. Nem é um pensamento concreto, é mais uma sensação. Como quando a gente vai ao parque de diversões e só tem vontade de rir de contentamento, ou quando cai aquela primeira gota de chuva depois de meses sem chover.

Ter você por perto é ter mais doce nos meus dias e mais amor nas minhas noites. Nosso amor tem gosto de sorvete, daquele tipo sundae com muita calda de chocolate e cereja em cima numa tarde quente de domingo. Tem cheiro daquela sua comida favorita pela casa quando você tem fome o suficiente pra comer um búfalo. De vez em quando vem um gostinho de pimenta, mas o que seria da vida sem tempero?

Nossa trilha sonora é tipo uma bossa nova que dá vontade de tamborilar os dedos, mas de vez em quando é tomada por um reggae tranquilão nos nossos dias de preguiça. Você coloca a minha cabeça no seu ombro e me rodopia e vejo a música trocar por um xote arrastado em que a gente só mexe os pés. Você me gira e me olha nos olhos até minhas covinhas tímidas aparecerem, e aquele rap gostoso mais pop e romântico que nós dois gostamos toma conta do ambiente.



O calor veio e vejo nosso amor esquentar com ele. Mas não é ruim. É aquela coisa que a gente sente no inverno quando tá agasalhado. Uma mistura de preguiça gostosa com aconchego. Aprendi a ver em você um porto seguro, onde posso me lançar ao mar em qualquer tempestade que vou ter você lá pra me segurar na volta. 

Balanço minha perna e você ri enquanto reclama da minha ansiedade. Você segura a minha mão e eu nem lembro mais porque estava preocupada. Só sinto aquele frio gostoso na barriga e o quentinho no meu coração. Você beija meu nariz e eu me sinto muito menor, mesmo com meus 1,72 de altura. Você enlaça a minha cintura e cheira meu cabelo e eu silenciosamente agradeço aos céus por ter você pra mim. Rezo pra que nunca acabe esse meu amor por você tão grande que só pode chegar ao céu.


Thalyne Carneiro