Ele olha para mim.
O mundo para. De repente não há mais ninguém. Só eu e ele. Não escuto nada, o
mundo faz silêncio e tudo parece ficar mais feliz. Meus olhos encontram os seus
e não consigo não sorrir. Seus lábios viram um reflexo dos meus, abrindo no sorriso
mais lindo que eu já vi. Você começa a vir até mim e quando os seus braços
ficam em minha volta, meu coração para de bater, para em seguida bater
descompassado.
Enquanto ele fica aqui, minhas bochechas ficam tanto tempo
sustentando o meu sorriso que depois que ele se vai, doem. Mas eu simplesmente
não consigo parar. E enquanto escuto ele falar, cada centímetro do meu corpo
presta atenção, como se a voz dele fosse uma espécie de feitiço que me faz
acreditar que não há coisa melhor no mundo inteiro.
Rio do que você fala, de você e com você. Sua risada gostosa faz
um calorzinho no meu peito aparecer e me assusto por uns momentos, mas aí você
aperta o meu joelho e não consigo lembrar no que eu estava pensando. Você
aperta o meu braço e faz outra piada, depois me dá um abraço de levinho,
daqueles de lado. Com isso nem consigo lembrar meu nome.
Com você por perto, seu cheiro fica mais forte e me deixa com vontade
de colocar o nariz no seu pescoço, igual já fiz tantas vezes, só pra sentir ele
mais forte. Suspiro e você chega mais perto. Parece até que lê pensamento. E
quando menos espero, coloca o braço por cima da minha perna, me deixando feliz
por você abaixar a sua guarda, mas mantendo a cara de jogadora de pôquer, só
para você não perceber o que eu percebi.
Ele beija o meu ombro, sinto o frio na barriga. Me dá um beijo no
rosto e me puxa para um abraço tão apertado e inesperado que nem sei o que
fazer. No meu ouvido, sussurra um "tenho que ir". Fico meio
triste, mas respondo apenas com um "já?", que me faz ganhar mais um sorriso
daqueles de tirar o fôlego. Você me solta, diz mais alguma coisa sem
importância e me abraça de novo. Sinto o seu nariz deslizar pelo meu pescoço,
enquanto seu cavanhaque que gosto tanto me faz cócegas.
Ficamos nisso por um tempo. Cada abraço seu envia um choque cada
vez mais gostoso pela minha coluna. Você diz algo sobre querer ficar e ganhar
mais abraços, e eu respondo num sussurro que você não precisa ir. Mas o mundo
não para e o tempo passa. Com um sorriso bem menos empolgado, me despeço de
você e vejo a melhor coisa do mundo indo embora, torcendo silenciosamente pra
que não demore muito para vê-la de novo.
Thalyne Carneiro